27-07-2011 18:28:27

Brasil : Pablo Castro e a Banda dos descontentes

É possível fazer música com política, protestar com poesia e sensibilidade nos dias de hoje. Falar de amor e paz e ser ao mesmo tempo audaz... e Pablo Castro o faz com muita propriedade.
Livia Lucas (Barcelona)


  Do mar de montanhas das Minas Gerais emerge Pablo Castro, artista multifacetado, criativo e apaixonado pela música de sua terra.

Pablo começou a carreira musical na adolescência, tocando Rock and Roll em uma banda cover dos Beatles, e paralelamente, com a mesma formação já mostrava seu talento e interesse pela musica autoral. Depois viajou por EUA e Inglaterra como tecladista e vocalista da banda Delirium Tremmemns (91/95). E anos mais tarde grava o disco “A outra cidade”(2003), fruto do encontro com os também compositores Kristoff Silva e Makely Ká, que apresenta e representa a nova safra de instrumentistas, cantores e arranjadores mineiros. Desde 2002 Pablo se apresenta com “A banda dos descontentes”, formada por  João Antunes (guitarra, violão), Marcos Braccini (flauta e vocal), Thiago Mundim (baixo e vocal), Maurício Ribeiro (piano, piano elétrico e órgão) e Bruno Santos (bateria). Em seu primeiro disco “Anterior” Pablo reúne uma série de canções de sua autoria, além de parcerias com outros autores mineiros. O álbum conta também com a presença de Avelar Jr, Rafael Martini, João Antunes, Thiago Mundim e Maurício Ribeiro, nas orquestrações.

O cantor, violonista, pianista e arranjador, não delimita nem rotula o que cria. Faz canções, isso sim, mas com muita liberdade de diálogo estilístico entre um tema e outro. O disco aporta composições consagráveis, delicadamente arranjadas, lançando mão de variadas combinações instrumentais, o que contribui com sua linguagem abrangente, que quebra os obstáculos entre as vertentes musicais, podendo alcançar diferentes públicos. Tal abrangência se deve também à estrutura musical de fácil identificação e sua “fala” agradável. Alguns temas, como as faixas Ponto oriental, e Caminho aberto, levam em sua receita uma pitadinha de pop, na medida certa. Outras se enveredam pelo samba, pelo “Baião (maracatu) nosso de cada dia”, e o barco segue navegando, em águas hora mais calmas, hora mais agitadas, até desembocar na afluente rock and roll da da faixa final, “A banda dos descontentes”

“Anterior” é um disco incentivado pelo estado de Minas Gerais, e esbarra em questões básicas para ser oficialmente lançado, pois necessita apoios para que isso aconteça. As leis de incentivo ainda são um assunto delicado que envolve a precária auto-sustentabilidade da música no Brasil. Pois mesmo incentivados pelo Governo do Estado, os projetos não recebem diretamente a verba para desenvolver o trabalho. Os artistas-gestores passam pelo processo de captação de recursos, onde os mesmos são responsáveis por buscar o apoio de empresas, privadas em sua maioria, para arrecadar a verba e tirar o projeto do papel. No meio dessa estrada, sem o montante do orçamento necessário para concluir o projeto, muitos artistas são obrigados a frear o processo, impedindo que o produto chegue ao consumidor por carência de um incentivo real. Graças à internet os discos podem ser lançados extra-oficialmente, ou melhor, virtualmente, e chegar ha uma parte dos ouvintes.

A evidente inquietação e o descontentamento com a situação política, cultural e social da nossa atualidade são presenças pulsantes nas letras do autor, que é enfático ao tecer comentários a respeito, em seu texto de apresentação do disco: “Nesses dias de hecatombe financeira soarão mais adequadas minhas canções Samba do Apocalipse - letra de Makely Ka e disponível para audição aqui- e O Fim do Mundo, sabendo que não são idéias nada novas. Para além disso, meu desalentado idealismo político se insinua em A Banda dos Descontentes e n'O Grande Verão. De toda forma, as músicas desse disco, principalmente as minhas letras, têm sempre a ver, em maior ou em menor medida, como são muito pessoais, com essa inquietude político-filosófica que me atormenta . Queria eu , no meu sonho dourado, ajudar , de alguma forma, com minhas músicas, e não só com elas, a contribuir para algum tipo de transformação social, cultural, política.”

“Como conciliar a nossa trajetória com a História no momento em que ela mergulha em profunda depressão? Tenho uma resposta: fazendo música. Se existe ainda alguma energia revolucionária, ela virá com certeza ligada a experiências estéticas. Não acredito em arte pela política, mas também não acredito em política sem arte. Enquanto isso, vou dando as últimas marteladas no meu disco que vai ser lançado, talvez ao mar, no final desse ano ou começo do que vem.”

Diante dos acontecimentos provocados pelo atual sistema social que nos induz a caminhar “com as próprias pernas para o fim do mundo” (faixa O fim do mundo), surgem inúmeros questionamentos, pequenos tremores na estrutura vigente e uma tímida, porém considerável, transformação no pensar coletivo, a música de artistas como Pablo Castro é mais que recomendável, para acender perturbações, provocar o pensar, emocionar e entreter, com muita inteligência.

O disco está disponível na íntegra no link: http://www.myspace.com/pablocastroebandadosdescontentes



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