A chegada do inverno no próximo dia 21 de junho, apesar do frio, traz boas oportunidades de entretenimento e aprendizado. Do início de julho até meados de agosto, cidades históricas de Minas e da serra fluminense se preparam para receber variadas atrações artísticas e da gastronomia, como apresentações musicais, teatrais e de dança até as oficinas dos mais variados gêneros. Petrópolis, Piacatuba, São João Del Rei, Ouro Preto, Mariana e Diamantina são algumas das inúmeras localidades por onde o movimento artístico-cultural tomará conta de locais públicos e privados neste período, além, é claro, de Juiz de Fora, que, entre os dias 17 e 30 de julho, mais uma vez será sede para a realização do 22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, cuja maior expectativa é em relação à apresentação do Grupo Uakti, no dia 22 de julho.
Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, é a primeira cidade a entrar na onda dos festivais de inverno. De 1º a 17 de julho, serão mais de 40 eventos espalhados pela cidade imperial. A programação, segundo informações da professora da Escola de Música da UFRJ, Myrian Dauelsberg, sempre é elaborada com ênfase especial para a música clássica e concebida com o intuito de formar novas platéias para o este gênero. Myrian também assina a direção artística do festival.
Antes das apresentações dos concertos, neste ano haverá ainda palestras. E uma grande novidade é a abertura para a cultura popular nesta festa, cujo destaque fica por conta de atrações como a Orquestra Voadora e seu carnaval fora de época (dia 3), “Os saltimbancos”, peça teatral dirigida por Maria Lúcia Priolli e coreografada por Ruben Gabira (também no dia 3), Zeca Baleiro (dia 7) que comemora 13 anos de carreira, e a exibição do filme “O samba que mora em mim”, de Geórgia Guerra-Peixe (dia 9). Entre as apresentações eruditas, atenção especial para a Orquestra Sinfônica de Barra Mansa (dia 17), que mostra o ponto alto de educação musical desenvolvido na cidade que leva o ensino de música a alunos da rede pública municipal de educação. Mais detalhes acesse www.fipet.com.br.
Entre os dias 8 de julho e 7 de agosto, acontece a 43ª edição do Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele será realizado nas cidades históricas de Tiradentes e Diamantina; na capital mineira Belo Horizonte, Brumadinho e Cataguases, na Zona da Mata. De acordo com o professor Maurício Campomori, diretor de Ação Cultural da UFMG, o objetivo é apoiar o desenvolvimento da cultura, da arte e do conhecimento em diversos espaços. “As atividades estarão predominantemente relacionadas ao pensamento cinematográfico, ao vídeo e às mídias digitais”, destaca Campomori. “Nosso objetivo é que o evento funcione como uma teia de ações que se irradiam pelo estado”, explica o professor, ao falar da multiplicidade de temas e destinos da mostra que, na década de 70, ocorreu em 14 cidades simultaneamente. Para ele, “isso é típico dos artistas e de seus espaços de produção. O festival vive o mesmo processo, pois funciona como um corpo vivo, pulsante”, conclui. Outras informações acesse www.ufmg.br/festival.
A bela cidade histórica de Ouro Preto, terá seu aniversário comemorado durante o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, que acontece entre os dias 8 e 24 de julho. Para abrir o evento, samba de primeira com Dudu Nobre. No dia seguinte, a poesia tomará conta do evento, com declamação durante uma viagem de trem. Grandes nomes da música foram convidados para a festa, como Hermeto Pascoal (dia 15), Milton Nascimento e Orquestra Rumpillez (dia 16), Paralamas do Sucesso (dia 22), Otto e a inseparável dupla Zé da Velha (trombone) e Silvério Pontes (trompete) para encerrar no dia 24.
O festival, que é considerado um dos mais tradicionais do estado, segundo o coordenador geral Fabrício Fernandino sobressai-se pela diversidade de atrações que, este ano, seguem o tema “Vilas de Minas”, uma homenagem a Mariana, Ouro Preto e Sabará. As cidades, fundadas em 1711 e conhecidas como Vilas do Ouro, recebem ainda literatura, espetáculos de teatro, exposições e 42 oficinas artísticas.
NOSSA GENTE
Falou em cultura, pensou em Minas Gerais. Nossa região tem um celeiro cultural invejável e a Zona das Vertentes mantém seu nome entre os encontros de arte. Realizado pela Universidade Federal de São João Del Rei, o 24º Inverno Cultural de São João tem uma perna em Tiradentes. Através de oficinas, exposições, shows e seminários, em diferentes linguagens de cultura e da arte, o evento vai integrar toda a região. Marcos Vieira, coordenador geral do evento, diz que “todo ano, há pequenos cursos para iniciantes e profissionais de arte e cultura e oficinas específicas para entidades e associações locais”. Sobre os espetáculos apresentados, ele afirma que, além da seleção feita por meio dos inscritos no edital, sete coordenadorias temáticas sugeriram peças e shows. Os recursos foram captados através das leis de incentivo à cultura estadual e federal. O encontro acontecerá entre 16 e 30 de julho.
O violoncelista Jaques Morelenbaum e o percussionista Naná Vasconcelos, são a novidade para o festival. Os nomes dos músicos foram confirmados entre os oficineiros desta edição que presta homenagem aos “Sentidos do Corpo” em suas mais diversas formas. O tema, segundo Marcos Vieira, vai dialogar com as principais atrações, como o espetáculo “Tatyana”, da Cia de Dança Deborah Colker, um dos destaques da programação que pode ser conferida no endereço eletrônico www.invernocultural.ufsj.edu.br. O professor Alberto Ferreira da Rocha, pró-reitor interino de Extensão e Assuntos Comunitários da UFSJ, promete que a oficina vai “extrapolar os termos físicos do corpo e abordar suas possibilidades e seus vários sentidos”.
SABOR DE MINAS
A aconchegante Tiradentes, em agosto, volta a ser movimentada pelo sabor. Na segunda quinzena do mês, a cidade histórica abre as portas para o seu Festival de Cultura e Gastronomia. Lugar para chefs renomados e ainda não definidos, o local exibe jantares exuberantes, palestras e cursos, a maioria, de acordo com a organização, voltada para a autêntica cozinha mineira.
Antes disso, o sabor de Minas é destaque na pequena Piacatuba (distrito de Leopoldina), onde será realizado, entre os dias 27 e 31 de julho, o 9º Festival de Viola e Gastronomia. A produção valorização da música de Minas são algumas das premissas da mostra, que traz apresentações marcantes de violeiros como Zé Mulato & Cassiano, Almir Sater, Elomar, Pena Branca, Pereira da Viola, Xangai, Célia & Celma, Orquestra de Viola, Chico Lobo, Geraldo Azevedo e Viola Urbana. Outras atrações você confere no site do festival www.festivaldepiacatuba.com.br. Maria Lúcia Braga, uma das organizadoras do festival (que conta com o apoio da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho, de Cataguases), diz que “não contente em trazer esses grandes artistas, o Festival de Viola presta um serviço à cultura brasileira e tem uma mostra competitiva disputada em duas etapas – regional e nacional – para apontar novos talentos”.
Maria Lúcia comemora as 35 mil pessoas que vieram prestigiar o festival em 2010. “Razões para isso não faltam. A primeira, chega a ser óbvia é a qualidade das atrações musicais. A outra são as delícias oferecidas em restaurantes e bares. Ou seja, em um mesmo lugar, podem ser encontradas duas das maiores paixões dos mineiros: a música de viola e a culinária das Gerais”, engrandece a organizadora, confiante de que o cenário bucólico e a arquitetura predominantemente do século XIX, agregados à natureza exuberante do mar de morros da região, pode ser a principal chave para a hospitalidade e gentileza que, nesta época do ano, são a cara dos festivais de inverno.
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