Italia - 

Biennale di Venezia 2013 - O mundo delicado da australiana Simryn Gill

Lica Cecato - May 28th 2013
Nossa correspondente Lica Cecato nos revela, na abertura da 55ésima Bienal de Veneza, a obra da artista Simryn Gill no pavilhão da Austrália.

Foto D.R.

Aceitar o processo de transformação significa poder viver sem a ansiedade de querer adivinhar o futuro, significa dar uma chance à vida de cumprir o seu traçado, deixando sinais não controlados pelo homem.

A artista Simryn Gill junto à curadora Catherine de Zegher, na exposição HERE ART GROWS ON TREES, AQUI A ARTE NASCE NAS ÁRVORES, do Pavilhão da Austrália na 55ésima Bienal de Veneza, rasga o pavilhão e abre os tetos, num gesto corajoso e original de mostrar a sua arte.

No filme de 1930 de Jean Cocteau, Le Sang d'un Poète, um murro quebra o vidro de uma janela e uma mão insiste: “de l’air, de l’air”. Sem citar nomes nem país, garanto que foi fato verídico, foram dadas casas à uma pequena tribo acostumada a viver livre, sem teto e sem janelas, sem ruas e sem cidade, e eles não conseguiram se adaptar, a primeira coisa que fizeram foi quebrar todas as janelas. “de l’air, de l’air”. As árvores ultrapassam, viçosas, a fronteira onde estava o teto, onde Simryn abriu enormes janelas, ou seja, retirando quase metade.

Este é o ultimo ano que o pavilhão australiano mantém a sua estrutura original, projetada por Philip Cox. Inaugurado em 1988, concebido com caráter temporário, vai ser finalmente removido, dando lugar ao novo pavilhão idealizado pelo arquiteto de Melbourne, Denton Corker Marshall para a próxima Biennale, em 2015. O novo pavilhão será o primeiro a ser construído no século 21 para o Giardini, que está passando por uma revitalização pela Bienal de Veneza. O artista sonha e nos faz sonhar. O mundo de Simryn Gill é delicado. Prefere que sua obra fale mais do que as palavras,

apesar de saber articular muito bem as palavras, que calçam como uma luva, quando ela toca na qualidade da instabilidade que nos oferece da vida e que ela nos oferece, por sua vez, através da sua arte. Certamente descrever arte com palavras é tarefa árdua, principalmente em se tratando de um trabalho com essas características, que o lugar provoca sensações, que o trabalho, sem medo de ser deixado lá, aliás muito pelo contrário, deixado lá de propósito, para que o tempo possa deixar suas cicatrizes e para que elas, então, sejam minuciosamente documentadas.

Mas, nessa tentativa de descrever, vou convidá-los a entrar: com a luz do teto escancarado, folhas ao vento, barcos que passam, e toda a sonoplastia e cenário que isso comporta, uma entrada de paredes aparentemente brancas e fundo grafite sólido. No fundo grafite, nada. Do lado esquerdo, no centro dos  grandes painéis brancos tem-se a impressão de notar mínimos insetos ou um enorme bando de micro-pássaros desenhados, que começam e acabam no nada, contendo um aglomerado central, que é tão intenso que quase se chega a ouvir. Esses desenhos, na verdade são feitos sobre fragmentos colados de páginas de uma edição da Enciclopédia Britânica de 1968. Para dar uma ideia de tamanho, são meias-palavras, e até menos que isso, e os tracinhos de desenhos são nanquim. Difícil traduzir em fotos ou filmes. Depois de entrar nessa espécie de templo aberto, onde reina a regra de mutação da mãe natureza, algumas outras instalações ou quadros se formam, com diferentes meios. Nesse mesmo andar, numa parte posterior aos painéis, duas cadeiras confortáveis e alguns livros com palavras subtraídas, empilhados, páginas ao vento. Nas paredes, objetos encontrados no dia a dia bordam com o humor e sem aquele gosto de fim-de-mundo, as superfícies lisas, brancas ou grafites, de tampinhas, araminhos, restinhos de plástico, metal, esponja e outros.

I AM A NOTICER, I notice small things. Minor items may have a great value”, diz Simryn. 

Sou uma “percebedora”, presto atenção em pequenas coisas. Coisas “menores” podem adquirir um grande valor.

No andar de baixo, aproveitando a falta de luz natural, ela expõe fotografias que revelam processos de outros trabalhos, como por exemplo a fusão de um meio-círculo de metal, com um diâmetro de aproximadamente 1.40 mts, aberto e oco, que espera chegar a chuva para que se criem reflexos e ferrugem. Os olhos de Simryn não mentem.

“Não separo os afazeres domésticos da atividade cultural ou artística. Comecei a minha arte na mesa da minha cozinha, quando meus filhos eram pequenos. Claro, quando se vive assim, prestando atenção e dando valor mesmo às coisas mais ínfimas, a convivência pode ser dura para os outros, essa atitude pode criar algumas dificuldades de relacionamento, concorda?“

Espero que Simryn Gill me permita essa leitura, como se a vida fosse pulsação, uma dinâmica concebida com a delicadeza que os orientais sabem aceitar os extremos. Aglomeração – Dissipação,  a time to speak, a time to be silenttempus loquendi tempus facendi , um tempo para falar, um tempo para calar. Se o céu não vem até mim, vou até o céu. Gostei de voar através do teto da Simryn Gill, que está publicando para a ocasião um livro consistente sobre sua obra, uma obra viva, em processo de transformação.


Simryn Gill nasceu em Singapura, em 1959. Ela foi criada em Port Dickson, Malásia e educada entre Jaipur, Índia e Reino Unido.

See morehttp://simryngill.com/

http://venicebiennale.australiacouncil.gov.au/venice-biennale-2013/the-artist/simryn-gill-biography/

1
2
3
4

  • Facebook
  • Google Bookmarks
  • linkedin
  • Mixx
  • MySpace
  • netvibes
  • Twitter
 

Eventos

La morte amoureuse de Théophile Gautier

La morte amoureuse de Théophile Gautier au Théâtre Darius Milhaud

« Memories »

« Memories » de Philippe Lebraud et Pierre Glénat

Paul Klee, Peindre la musique

L’exposition numérique rend hommage aux deux passions de Klee, la musique et la peinture, et révèle les gammes pictural...

Alô !!! Tudo bem??? Brésil-La culture en déliquescence ! Un film de 1h08 mn

Photo extraite du film de Mario Grave - S'abonner sur notre canal Youtube  pour avoir accès à nos films :

Mundo vintage (clicar no título)

Marché Dauphine, un marché singulier
et ultra-spécialisé

Inauguré en 1991, le Marché Dauphine est le plus récent mais aussi le plus grand marché couvert des Puces de Saint Ouen : sur deux étages et dans un espace de 6 000 m2, il abrite quelque 150 marchands d’antiquités et de brocantes. Présentation, ici.

Destaques de París

« Loading, l'art urbain à l'ère numérique »

jusqu'au 21 juillet 2024 au Grand Palais Immersif


            


Notícias

Madrid, 11 mars 2004

L'Espagne, mais aussi l'Union européenne, rendent un hommage solennel lundi aux 192 victimes de 17 nationalités assassinées il y a 20 ans à Madrid dans des attentats à la bombe qui marquèrent le début des attaques islamistes de masse en Europe.

 
Pablo Neruda a-t-il été empoisonné ?
Cinquante après, le Chili relance l'enquête sur la mort du poète et Prix Nobel de littérature survenue sous la dictature du général Pinochet. Cancer de la prostate ou empoisonnement ?
 
Paris 2024 : les bouquinistes ne seront pas déplacés
Paris 2024 : les bouquinistes des quais de Seine ne seront finalement pas déplacés pour la cérémonie d’ouverture des JO « Déplacer ces boîtes, c’était toucher à une mémoire vivante de Paris » a déclaré à l'AFP Albert Abid, bouquiniste depuis dix ans au quai de la Tournelle.
 
Sophie Calle et la mort !
Sophie Calle, artiste de renom, achète des concessions funéraires au USA en France et ailleurs. "J'achète des trous" dit -elle à propos de sa mort.
 
53 journalistes et proches de médias tués dans la guerre Israel- Hamas
Cinquante-trois journalistes et employés de médias ont été tués depuis le début de la guerre entre Israël et le Hamas, selon le dernier décompte du Comité pour la protection des journalistes (CPJ)