Rio de Janeiro : BMW jazz festival : O programa burguês

Luis Fabiano Soares - 9 junho 2013
Teria o jazz algo de popular? O alcance desta música seria de fácil degustação para o grande público? Certamente não. É preciso muito tempo de lapidação e adestramento aos ouvidos.

Foto D.R.

Talvez o programa mais burguês da noite de ontem no Rio de Janeiro tenha sido o primeiro dia de concertos no BMW jazz festival. Na noite de estréia, duas apresentações de grupos americanos deram inicio a terceira edição do festival. Aqui no Brasil a marca de carros da Bavária representa um item de consumo para poucos abastados, a montadora alemã ainda não possui uma filial aqui, seus carros são caros e cobiçados, mais um ícone que a ascendente classe muito acima da média ambiciona em nosso país.

Somados a isso, ingressos caros de 80 a 300 reais, 10 reais uma garrafinha de cerveja, celebridades, benesses exclusivas para donos de veículos da marca e música instrumental americana na platéia.

Teria o jazz algo de popular? O alcance desta música seria de fácil degustação para o grande público? Certamente não. É preciso muito tempo de lapidação e adestramento aos ouvidos para se chegar a desfrutar desta música improvisada instrumental sincopada e quase nunca executada em grandes locais abertos ao grande público. Em resumo é preciso ócio para se gostar de jazz, algo que poucos trabalhadores têm.

Depois de uma apresentação previsível para um show de abertura do quarteto James Farm, entra no palco com ar de superioridade a negra cantora e contrabaixista americana Esperanza Espalding. Cercada de muita expectativa, única atração feminina do festival, a artista apresentou um show sonolento, ao estilo do jazz americano, pouco empolgou. Ainda tentou arrancar a simpatia da platéia cantando em português “inútil paisagem” do nosso mestre Tom Jobim, porém ficou nisso. Um ar condicionado extremamente gelado numa platéia distante queria remeter a nós, tropicais brasileiros,

um ambiente europeu ou americano. Muito artificial. Destaque para a voz aveludada e muito afinada da cantora e sua ótima interação com os músicos de sopros de sua banda com trompetes e pistões. Algumas participações de back vocals e depois de mais de uma hora termina o gelado e pouco penetrante show deste nome marcante do jazz contemporâneo.

Na platéia eram evidentes as manifestações de desencontros. As pessoas saindo antes de o show terminar, mostrando um ar de fastio e embriaguês alcoólica combinado com a obrigação forçada de consumir um produto ao qual não está habituada e nem foi preparada. Simplesmente a necessidade de prestigiar um evento bancado por uma multinacional cara e elitista. Ainda rolou um bis forçado da artista, tocando mais uma música nada empolgante, apreciada por um público de pé, não porque estava empolgado e sim porque queria ir embora.

Fica no ar a sensação daquele brasileiro que come arroz e feijão e arrota peru em eventos cool que eventualmente acontecem. A falta de uma levada mais brasileira ou afro caribenha fez falta nestes shows de abertura do festival.

Uma pena que Egberto Gismonti fora escolhido para tocar apenas em São Paulo na edição deste ano.

A marca alemã ainda se mostra distante daquilo que é realmente brasileiro. Na capital cultural do país, deixar a música brasileira de lado, soa como um desrespeito a nossa maior riqueza.

O Micmag estará no festival hoje e amanhã e traremos aos leitores a cobertura dos próximos concertos. Hoje teremos como principal astro da noite o pianista americano Brad Mehldau e seu trio além de Joe Lovano e seu quinteto. Na segunda feira o encerramento com o tão esperado muti instrumentista Pat Metheny e sua Unity Band.



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