22-05-2011 13:41:05

Juiz de Fora nao deixa o samba morrer!

Envolvente, contagiante e bem brasileiro, o samba conquistou o status de Patrimônio Nacional. Mesmo sofrendo alterações ao longo do tempo, o ritmo mostra a força da cultura no país.
Por Leonardo Martes (Juiz de Fora/MG – Brasil)



Roda, raiado ou chula, batido, corrido e de gafieira... Você sabe sobre o que estamos falando?

O termo “samba” é de origem africana – “semba” (umbigada, ritmo africano) – e está ligado a danças típicas tribais do continente. O ritmo é tocado com instrumentos de percussão, acompanhados de violão e cavaquinho, e as letras contam a vida e o cotidiano de quem mora nas cidades, com destaque para as populações pobres.

Patrimônio Nacional, o samba surgiu da mistura de estilos musicais de origem africana e brasileira. O ritmo chegou ao país na época do Brasil Colônia, trazido pelos escravos vindos da África.

“Pelo Telefone”, escrito em 1917 por Mauro de Almeida e Donga, e interpretado pelo cantor Bahiano, foi o primeiro samba gravado no Brasil. Anos depois, o samba toma as ruas e espalha-se pelos carnavais brasileiros. Sinhô, Ismael Silva e Heitor dos Prazeres foram os principais sambistas daquele período.

A partir de 1930, as rádios passam a divulgar o samba para todo o país e revelam grandes sambistas e compositores desta época como Noel Rosa, autor de “Conversa de Botequim”; Cartola (“As Rosas Não Falam”); Dorival Caymmi (“O Que É Que a Baiana Tem?”); Ary Barroso (“Aquarela do Brasil”); e Adoniran Barbosa (“Trem das Onze”). Revelaram ainda as cantoras Carmem Miranda (sucesso no Brasil e nos EUA), Aracy de Almeida, Elizeth Cardoso, entre outras.

Nova Geração

Nas décadas de 70 e 80, começa a surgir uma nova geração de sambistas. Destaques para Paulinho da Viola, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Dona Ivone Lara, João Bosco, Aldir Blanc e Alcione.

Atualmente, entre os principais sambistas do Brasil estão Zeca Pagodinho, Neguinho da Beija-flor, Jorge Aragão, Beth Carvalho e Martinho da Vila.

Mineiros com samba no pé

Em Juiz de Fora, o samba mais divulgado é o de roda por acontecer o ano inteiro e ser o mais cantado e freqüentado, dos mais pobres aos mais ricos, dos mais jovens aos idosos.

O movimento ganhou força na cidade no ano de 2002 com Nanda Cavalcante e Roger Resende, mas a explosão mesmo aconteceu em 2007 com Flavinho da Juventude e a cantora Sandra Portella que juntos expandiram de vez o samba em Juiz de Fora. Segundo a intérprete, “o mais importante é a penetração do jovem estudante nas rodas de samba, o que mostra que a cultura do samba de raiz não morreu”.

Sempre lotadas, as casas noturnas da cidade que propagam o ritmo fizeram uma adaptação para a modernidade. Hoje não acontecem as “rodas” em si, mas no palco grandes músicos e cantores tocam e cantam as letras imortais do samba e trazem de volta para os amantes do estilo a rica cultura do país.

Influência carioca

“A influência do Rio de Janeiro, com o seu famoso samba enredo, trouxe para Juiz de Fora uma mistura de ritmos entre os dedilhados do violão e muita percussão”, ressalta Sandra Portella, consagrada entre os músicos da cidade como a melhor intérprete de samba.

Com gogó afiado e samba no pé, Rodrigo Silva, 25 anos, estudante de Farmácia da Universidade Federal de Juiz de Fora, não perde uma roda de samba no Café Muzik (a mais famosa da cidade). Segundo o estudante, “o samba é o encontro do morro com a cidade. É uma expressão cultural típica das classes menos favorecidas, que fez encantar os mais intelectualizados dos brasileiros”.

Mas, afinal de contas, para que realmente veio o samba? “O samba veio pra unir a todos. Um compositor um dia escreveu em uma de suas músicas o seguinte: ‘se derem vez ao morro todo o universo vai sambar’. Essa frase de Lenine, baseada na música O morro não tem vez, de Tom Jobim e Vinícius de Morais, evoca heranças ontológicas do samba e diz a que ele veio”, finaliza o estudante.

O sambista Joãozinho da Percussão confirma: “a principal contribuição do samba é a união das classes sociais sem distinção. Não deixe o samba morrer!”.

Para o jovem economista Derly de Castro, 30 anos, “o samba nos remete à nossa história, não deixa perder o elo com o início da cultura brasileira, traz alegria para o povo e nos faz esquecer um pouco dos problemas que enfrentamos no dia a dia”.

Reconhecimento

O samba de roda do Recôncavo Baiano, foi reconhecido em 2004 como Patrimônio Cultural do Brasil e foi incluído no ano seguinte na lista de bens do extinto Programa da Unesco das Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade. Este reconhecimento impulsionou o lançamento do projeto "Samba, Patrimônio Cultural do Brasil" pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Governo Federal (SEPPIR), em parceria com o Centro Cultural Cartola que resultou ainda na exposição permanente sobre o samba, em cartaz na sede do Centro, no Morro da Mangueira, Rio de Janeiro.

É provável que a maioria das pessoas ainda não tenha se dado conta do valor patrimonial do nosso samba que é o mais belo documento da vida e da alma do povo brasileiro. É o símbolo maior da expressão da nossa cultura e é através dele que unimos todas as raças e penetramos na dimensão eterna do tempo.

Nosso amado poeta Dorival Caymmi já dizia em uma de suas canções que "quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça, ou doente do pé...".


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