Rio de Janeiro - reportagem

Professora  universitária arranha a imagem dourada do Rio 2016

Por Hélios Molina - Traducão Meyre Maluf

Cláudia Bolshaw, professora da famosa PUC do Rio criou un grupo crítico que se eleva contra a imagem de um Rio no auge da expansão, cidade de sonho onde todos os problemas passados teriam sido enfim resolvidos. Esta imagem "gloriosa" encontra um retumbante eco marketing no mundo inteiro.


« Rio te amo mas não sou correspondido » é o nome do grupo que conta com mais de 300 aderentes entre estudantes, professores, artistas, intelectuais que se reuniram ao grito de Cláudia. Um clamor que aparentemente se propaga. Cláudia e seu grupo participam das passeatas cada vez mais visíveis nos pontos nevrálgicos da cidade. Vamos ouvi-la :

« A gente vive escutando que  vivemos na cidade mais bonita do mundo. Em vista dos jogos olímpicos, há uma enorme campanha de marketing feita pelo governo que nos diz que estamos em uma cidade maravilhosa. Quem vive nesta cidade  não acha nada de maravilhoso ! A natureza é bonita, a cidade também é, mas a questão social é muito complicada. É difícil ficar ouvindo todos os dias um discurso contrário à realidade que vivemos. Você abre a porta e este discurso não condiz com o que você vê ! A cada temporal, a gente vai se afogando. A cidade não tem um escoamento adequado das águas  pluviais. As últimas obras de escoamento datam da  década de 60 e depois mais nada. Agora, com qualquer chuvinha nós nos encontramos face à face com problemas, com os esgotos não tratados. E a sujeira toda sobe para as ruas. Os pobres sofrem as consequências com as doenças de praxe. E o prefeito diz aos cidadãos : « se chover não saiam de casa». Que maravilha é esta que nos é dada ?

Bom, é verdade que há um investimento na cidade como nunca houve antes. Tem mesmo muito dinheiro aqui. Mas todas estas obras que são realizadas,  são para as classes superiores. Mas para quem não tem dinheiro o quotidiano não cessa de piorar.  Junte a isto uma bolha imobiliária desenfreada.

Estive na Espanha há pouco tempo e quando dizia que era brasileira todo mundo se extasiava : « oh, Brasil ! » « Rio de Janeiro, nossa ! » Percebi como que um sonho deles de vir morar aqui. Eles imaginam que a gente não trabalha muito, que aqui tem sol o tempo todo. Este marketing ecoa de forma retumbante no exterior. E me deu vontade de dizer a verdade.

Pacificação das favelas ?

« Nós esperamos que isto continue na boa direção. Mas o que tememos  é que seja um pacto temporário. Até os jogos, nós (a polícia)  estamos nas favelas, depois tudo volta a ser como antes. Tememos que seja uma tapeação. Por exemplo, na Rocinha, perto de onde eu trabalho, os traficantes continuam  morando lá, mas não podem ter armas. Existe um pacto entre policial e gangues, tenho certeza ! »

Este grupo protesta também contra o 15e mês de salário dos representantes eleitos da cidade e da falta de transparência, dos métodos de corrupção dos políticos.

Entrevista  feita  por Hélios Molina



Para se encontrar com o grupo no facebook « Rio te amo mas não sou correspondido » :

https://www.facebook.com/groups/477558302294129/



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