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O número de entradas, assim que suas rendas externas não param de aumentar ; 8,5 milhões de visitantes em 2010, um recorde absoluto, e desde 2001, a freqüência cresceu 67%. Fato inédito na França, temendo certamente, uma interferência entre o debate cultural e o debate econômico, nenhum trabalho realmente sério ainda tinha sido feito sobre o Louvre, segundo uma pesquisa recente do centro econômico da Sorbonne sob os auspícios do professor Xavier Greffe (1), revelada 5 de junho passado, o primeiro museu do mundo contabiliza entre 600 milhões e um bilhão de euros de receita por ano. Como os dados datam de 2006, esses valores não incluem os 400 milhões de euros adicionais obtidos graças ao projeto Louvre Abou Dabi. Saiba, que dos 175 milhões de euros do seu orçamento anual a participação do Estado é de apenas 110 milhões de euros. Agora é possível compreender o impacto da empresa Louvre. É claro que os valores obtidos extasiaram os responsáveis desse famoso museu. E esses dados vem contradizer aqueles segundo os quais investir em cultura é sempre investir à perda. Aqui neste caso o Estado faz um excelente negócio e colhe os louros das grandes reformas, desejadas pelo presidente Mitterrand, para aumentar o museu. Seu prestígio não pára de crescer sobretudo à partir de 2005 com o fenômeno “O código Da Vinci” (Dan Brown e seu romance). Esta idéia corrobora uma outra pesquisa realizada em 2008 pela UNCTAD (comissão das Nações Unidas para o desenvolvimento), onde se evidencia que « as atividades culturais estão sendo uma das principais molas do crescimento, qualquer que seja o nível de desenvolvimento do país em questão ». A cultura contribui consideravelmente ao crescimento econômico mesmo nos países pobres. Mas, como o Louvre dá lucro ? Tem, é claro, o preço da entrada (fixado a 8.50 euros). O Louvre também aluga espaços para filmagens, recepções privadas, o que representa, diga-se de passagem, a considerável soma de 13.7 milhões de euros. E finalmente, há também os dividendos obtidos com a edição e os filmes. Ficamos sabendo através de outra pesquisa que um turista estrangeiro passa em média 2 dias e meio em Paris e mesmo o universo da arte, da pintura ou da escultura não fazendo parte da sua vida o visitante se sente forçado a ir ao Louvre para não passar vergonha quando voltar para casa. Assim, só o Louvre gera anualmente 391 milhões de receita turística. O ponto relevante do trabalho realizado por Xavier Greffe está no que diz respeito à influência econômica do Louvre. A receita fiscal bruta é avaliada entre 37 e 82 milhões de euros. É interessante também notar os empregos ligados ao museu. O Louvre emprega 2000 mil pessoas, mas é tal a sua abrangência que permite a quase 15000 outras viver e trabalhar nos restaurantes, hotéis e outros comércios ao redor. A sua importância transcende de muito a esfera da instituição Louvre. Numa época em que as verbas do Estado tendem a diminuir, a metade dos recursos financeiros do Louvre é oriunda do mecenato ou de aluguéis, o que leva certos críticos a dizer que o Louvre está na linha reta para a privatização. Pode ele continuar de maneira desenfreada essa busca de rentabilidade ? A afluência pode aumentar indefinidamente ? Não há limite ao número de visitantes ? O debate está aberto. Tudo estaria na santa paz se a ambição desmesurada de alguns grandes museus não tivesse trazido à tona muitas questões de ética junto aos conservadores. De um lado, os antigos, próximos do grande museu, denunciam frequentemente os perigos de tal deriva. De outro lado, os modernos que preconizam uma abertura internacional e a angariação de fundos privados. Conseqüência disto, por exemplo, a implantação da marca Louvre em Atlanta e em Abou Dabi. Apesar dos encantos da riqueza, as questões continuam. Devem os museus responder às leis econômicas como todo e qualquer outro produto de consumo, se indignam seus detratores ? Tendo em vista os últimos valores financeiros e o peso econômico do Louvre, esse debate tão recente chega a parecer distante. A marcha para uma privatização – sem sombra de dúvida – está bem engatilhada.
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