25-10-2011 16:17:12

México : ser jornalista em uma zona catalogada "Perigo de morte"

Vários livros no México relatam o sofrimento das famílias embarcadas na guerra dos narcóticos. L.C. é repórter do jornal El diario em um município na fronteira da Ciudad Juarez, cidade símbolo de morte. Ela relata seu quotidiano. Reações dos artistas deste país ?

Entrevista de Hélios Molina-Tradução Meyre Maluf


Micmag : Como se vive no dia a dia sendo jornalista em uma área controlada pelos « narcos » ?

L C : Em uma época, nas décadas de 80-90, a cidade conheceu momentos de apogeu econômico. Os narcotraficantes investiram muito e adquiriram diversos comércios em todos os setores. Os crimes não tinham muito impacto : pessoas disapareciam e agente não ficava sabendo de mais nada. Esta situação mudou depois da morte de Amado Carrillo : foi aí que começaram os crimes de maior vulto. Mas foi em 2008 que começou a verdadeira guerra pelo controle do território. Foi a partir de 2000 que começou a ficar mais evidente o comprometimento dos grupos delinqüentes com as autoridades. Imagine ! Na minha agenda tinha os nomes de comandantes que já tinham sido presos, mortos, desaparecidos ou considerados como os mais procurados. O problema mais grave é que nesta situação  é difícil saber quem é o inimigo. Quem é o ruim ? Nós não sabemos. O grau de corrupção no México, Chihuahua et Juarez torna invisível a linha que separa as autoridades e os delinqüentes.

Micmag : Você se aproximou dessas gangues ? Você própria já recebeu ameaças, ou algum de seus colegas ?

LC : Dia 3 de agosto, depois da publicação na primeira página do nosso jornal  de um artigo intitulado « Eles estavam protegidos pela polícia ministerial », o jornal recebeu uma ameaça telefônica e meus chefes decidiram me retirar das investigações sobre a polícia. Enquanto prevalecer esta maudita impunidade, a ameaça é permanente para todos os jornalistas do México. Quando prenderem os assassinos de nossos companheiros e que eles nos disserem porque os mataram, nós deixaremos de nos sentir ameaçados. Mas a realidade é que não existe nem a vontade política nem os meios de investigação em nenhuma das corporações policiais do México para esclarecer estes atos de violência.

Micmag : O número exato de gangues existentes nas zonas mais violentas, é conhecido ? Antes este fenômeno era restrito à fronteira do Norte.

L.C. : A PGR enumera sete cartéis mexicanos : o de Juárez, o do Golfo, o de Tijuana, o de Colima, o de Sinaloa, o do Milenio e o de Oaxaca. Há pouco “La Familia”, à Michoacán, se juntou aos cartéis ativos, assim como « Nuevo Cartel » de Juarez, « Los Caballeros Templarios », « Gente Nueva », « MataZetas » : grupos que servem os grandes cartéis já conhecidos. O fenômeno da violência  é mais visível nos Estados da fronteira por causa da evidente localisação geográfica : Juarez, Tijuana, Laredo, são portos nevrálgicos do movimento econômico transfrontaleiro e permitem o tráfico de drogas nas pequenas e nas grandes escalas. E além do mais, eles possuem centenas de quilômetros de fronteira com os Estados-Unidos sem controle policial, o que logicamente torna estas cidades mais atraentes e tão disputadas. Mas existem Estados como Tamaulipas, Michoacan, Durango, Zacatecas, Veracruz, Chiapas, Guerrero, onde a presença destes grupos aumentou. Mas diferentemente de Juarez ou de Chihua o jornalismo se auto censurou devido ao medo. E é uma realidade. Recentemente tive uma discussão com uma colega de Veracruz que estava aterrorisada. O medo é tal que eles não publicam ou quando o fazem, é totalmente censurado. Acho que nossos colegas que praticam um verdadeiro jornalismo nesses lugares  são verdadeiros heróis. Nós outros, vivemos na glória ; eles, no  verdadeiro inferno. Nós devemos ser solidários e exigir das coletividades locais e do Estado, que concedam as garantias necessárias ao exercício de nossa profissão. Nosso México corre um grande perigo por causa da corrupção que sufoca ; e calar os jornalistas pode nos custar este simulacro de democracia no qual vivemos atualmente.

Micmag : Quantos jornalistas foram assassinados ?

LC : Não conheço o número exato, mas posso lhe dizer que um documento recente  menciona de 53 jornalistas assassinados e 11 jornalistas desaparecidos durante o mandato de Felipe Calderón. A gente vai se lembrar desse governo como o que fez do México o país mais perigoso do mundo para os jornalistas, ainda mais perigoso que o Iraque. Em pouco mais de uma década de governo paniste (partido no poder), houve 94 jornalistas vítimas ou desaparecidos.

Micmag : Aqui na Europa se diz que o tráfico de drogas é intimamente ligado ao poder do DF e  ao governo mexicano ?

LC : O narco tráfico é ligado à todos os governos  sejam eles locais, estaduais ou federais por causa da corrupção. O México sofre de grandes problemas por causa da corrupção dos partidos políticos que detem o poder.

Micmag : Enviar o exército em zonas como a cidade de Juarez é uma resposta apropriada ou isto piora a situação ?

LCS : Veja, à Chihuahua. Já existia o precedente de irregularidade do exército mexiano no momento em que se militarisava a PGR no mandato de Ernesto Zedillo e no qual o paniste Antonio Lozano Gracia estava à beira da dependência. Foi então que o cartel de Amado Carrillo tornou-se muito forte pois houve intervenções relativas à proteção de toneladas de cocaína para este grupo  que a gente nunca soube onde acabavam. Isto revelou também a importante corrupção dos chefes do exército que protegiam o « senhor dos céus », e que sobretudo eles estavam muito bem informados.

Micmag : Face ao estrondo da luta e ao custo financeiro e humano, Há vozes que se elevam para exigir a legalisação da droga no México ?

LC : Pessoalmente não acho que o México esteja em condição de enfrentar este processo.

Micmag : Como reagem os artistas face à esta guerra ? Eles ousam falar abertamente ? Eles tem medo ?

LC : A Juarez houve um esforço da parte de diversos grupos da sociedade civil para trazer os artistas. Festivais locais e estatais foram organisados e a resposta foi positiva. Medo, claro, acho  que viviam com medo, mas também com vontade de estimular os habitantes das fronteiras a não cair neste poço negro et sem fundo no qual caímos por causa de uma guerra que ninguém pediu  e que não deixou neunhum traço positivo em ninguém.

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