TÉÉRA -  GRANDE REPORTAGEM NO IRÃ

A imparável rebelião artística! (Irã 2a parte)

Reportagem Mink - Tradução Meyre Maluf
O Irã com o qual nos encontramos não tem nada do grande Satã decretado pela nova administração Trump nos USA. Nós vimos seres humanos cultos, hostis à ditadura religiosa, a favor de uma paz mundial e intensamente atraídos pela arte e por diferentes formas de criação.

Mulheres jovens em um bar no centro de Teerã - ©Foto Mink

II parte - Grande reportagem Irã

Interior-exterior. As vozes da criação.
O Irã vive em meio aos paradoxos de um regime autoritário religioso. E uma grande parte da população bastante educada e bem informada sobre os eventos do planeta exerce seu livre arbítrio na privacidade de cada apartamento. A bebida alcoólica  não é um artigo raro e nem as músicas ocidentais. Mas durante as celebrações religiosas, música e outras festividades são proibidas durante um mês. Luto obrigatório ! (ver 1a parte reportagem...)

É importante lembrar  que 70% da população tem menos de trinta anos. Estamos em presença de um povo com um bom nível de educação, jovem e citadino. Resulta um país em movimento e que não faz segredo disto. Nos registros musicais, o underground faz seu rap rugir, estourar seu hip hop ou sua música dos Balcãs para deleite de alguns fãs ditos « incontroláveis ». Os bares,  as garagens, as festas de apartamentos   mostram a um público  advertido que a  grande Pérsia tem seu orgulho e seu lugar nos  grandes países da criação.

Bom, tudo é bem mais complicado !

Antes de chegar aos teatros públicos, a peça tem que passar pelo crivo da censura que elimina certos gêneros ou certos "refratários" ao sistema. Mas os grupos oficiais, manejam sabiamente e instilam em seus textos certas insinuações que não deixam a menor dúvida quanto à liberdade de pensar. Mesma coisa com o teatro, nos contaram alguns atores. « O censor vem antes da primeira apresentação, nós conseguimos o aval do sensor e em seguida fazemos o que queremos ! » define um deles cujo nome preferimos não citar. Mas, ainda as mulheres só podem se mostrar diante de mulheres, não podem subir ao palco diante de homens. Isto poderia ativar a libido e criar « desejos secretos que é melhor reprimir ». Outro detalhe, nos conta um membro de um grupo, é proibido se levantar e dançar. O público tem que ficar sentado na frente do palco e no máximo pode mexer os braços. Mas tudo isto não impede as almas de fantasiar ou os seres de delirar na sua arte. E eles não se privam !

No mundo da arte o proibir exerce sua coerção por outros canais, sites internet protegidos por filtros. Apesar da proibição do Facebook, estima-se que 11 milhões d’iranianos teem uma conta.

Em uma galeria em voga de Teerã

Em uma galeria em voga de Teerã, 26 mulheres fotógrafas expõem suas fotos, uma foto reteve toda nossa atenção. Atrás de uma vidraça quebrada pela artista, um nu feminino recatado e sensual em branco e preto deixa conjecturar uma vontade de quebrar  tabus. O símbolo é forte !

O cinema Iraniano também está ocupando a cena com diretores engajados, com filmes de contestação, com uma bela vitalidade e figuras como Kiarostami (lendário aqui) ou o atual  Asghar Farhadi do filme "Uma separação" en 2011.

Aqui a liberdade é um valor caro pois a censura ataca às vezes às cegas. O jovem cineasta Kenyan Karimi de 33 anos foi condenado a um ano de prisão e 223 chicotadas em novembro 2016 por ter ousado mostrar no seu filme, a história do graffiti em Teerã. Como em 2009,  mostrava muros com slogans às vezes hostis ao poder. O cineasta de « Táxi Teerã » em 2015,  Jafar Panahi quanto a ele escapou por pouco à novas represálias com este filme documentário. Apesar de uma condenação severa em 2010 il reincide e não se restringe deixando as personagens criticar severamente o poder. Depois do Urso de Berlim em 2015, Jafar tem um nome de vulto internacional. O poder não gosta de críticas vindas do estrangeiro, Jafar talvez esteja na verdade apenas em liberdade condicional.

Salas de cinema lotadas

Tanto em Teerã quanto em  Isfahan a sucessão está garantida por  jovens diretores cheios de delicadeza ou de esplendor. « Nós não podemos mostrar certas cenas. Se falamos de sexo é de modo poético sem mostrar sequer um nu. A poesia está no nosso sangue. Aqui, conseguimos realizar nossos desejos  com orçamentos muito baixos" nos conta Mamoodabadi, jovem cineasta prodígio, 38 anos de Isfahan.

O público jovem redescobre o prazer do novo cinema iraniano, e com a repercursão dos prêmios internacionais recebidos por estes cineastas, há dois anos que as salas andam lotadas.  Após a consagração de Farad em Berlim, temendo o tumulto de uma multidão em delírio, sua volta foi mantida em segredo. Mas, a data circulou nas redes não censuradas e finalmente ele foi recebido como um vencedor.

Aqui a palavra cultura não é uma palavra vã. As galerias de arte durante os vernissages são centros de encontro onde circula uma multidão incessante e elegante. A arte é uma forma de resistência. E, vernissage sem uma gota de bebida alcoólica, óbvio !

Atos e palavras que dizem muito sobre o lugar da mulher neste contexto cultural. Grande liberdade de tom, uma reivindicação feminista e algumas vezes na grande cidade uma impertinência benéfica para a  juventude insubmissa. Isto tudo apesar de um regime religioso que condena a mulher a ser um simples instrumento de procriação. E no entanto ela ocupa um lugar importante no mundo do trabalho onde se emancipa e reivindica mais respeito. "Não compare a mulher iraniana à nenhuma outra dos países vizinhos. Não tem nada a ver !" nos diz um artista.

Casamento? Os jovens citadinos não estão nem aí !

Digamos, o Irã é um país de paradoxos. Um artigo de um jornal iraniano em língua inglesa chamou minha atenção. Um problema agita as esferas do poder. A nova geração não tem filhos ou tem poucos filhos. 1,2 de crianças por família bem menos que na França (2,01 por mulher). E a geração em questão não está nem aí para a imagem ideal da família. Os que estão com trinta anos sonham com uma certa liberdade : nada de casamento, não querem filhos, ou, depois dos 40 anos. Almejam outros horizontes, se liberar do jugo religioso. Algumas vezes certos interlocutores dizem que a vida é cara demais. Mas a maioria responde com um sorriso dizendo : “freedom is good !”  O poder responde com medidas coercitivas contra a contracepção, tornar o divórcio mais difícil. «isto não é da alçada deles » parece responder esta geração !  Inútil batalha. O povo  parece pronto para escolher seu rítmo de vida e bem hermético à propaganda do Estado.

Reportagem © www.micmag.net

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