São Paulo - Musica

Cantor Criolo-revelação brasileira 2012: "O Brasil é riquíssimo, mas as pessoas ainda sofrem muito!"

Hélios Molina - 23 junho 2012
Antes de viajar para Europa, o cantor Criolo, revelação 2012, se confia abertamente à Micmag sobre a política, a efervescência do Brasil e seu desenvolvimento galopante. Voz frágil, sensibilidade à flor da pele, Criolo é muito mais do que um poeta urbano.

Entrevista exclusiva Micmag

Micmag- Que imagem você tem de Paris?

Criolo : A imagem que tenho de Paris é de que as pessoas são politizadas e é um berço de cultura mundial. O mundo gosta de Paris, de dialogar com Paris e Paris dialoga com o mundo. Para saber mais de Paris tem que viver em Paris, conhecer as verdades, a realidade do dia-a-dia, só ficando mais tempo para poder falar, esse meu olhar é de quem vê de longe…

 M- Você diria que as letras das suas músicas tem uma mensagem política?

C- A partir do momento que há uma tentativa de diálogo, isso já é um ato político. Creio que existe também essa tentativa na minha música.

"A única certeza da vida é a morte."

M- Mas tem uma mensagem positiva ou negativa?

C- A idéia é sempre de mostrar o quanto o ser humano tem força, o quanto o ser humano é dotado de uma energia que pode proliferar coisas positivas em todo mundo, não importa o lugar onde você esteja. Tem um pouco disso também na minha canção, é a valorização do humano, valorização do nosso quintal, a valorização da vida.

M- Em alguns dos seus clips o final não é feliz. Criolo, você seria pessimista ou realista em relação à vida brasileira?

C- Acho que sou realista porque se fosse pessimista não falaria tanto de amor, tudo estaria perdido em meu coração...A única certeza da vida é a morte. Os recheios e os tempêros é que vão dando cor à vida e nem sempre todos os sabores são doces, às vezes tem o sabor amargo também .

 M- O que se fala aqui na Europa é que o Brasil passa por um desenvolvimento galopante. Isso é uma coisa boa ou não?

C- Se desenvolver algo bom, sim, sempre será uma coisa boa. Existem muitas coisas acontecendo, mas estamos falando de um país continente. As bordas estão fervendo, borbulhando, com novas idéias e tentativas de melhorias no cotidiano do cidadão e isso é um sinal de que as coisas estão acontecendo, mas a passos lentos em determinados aspectos.

"Brasil, é riquíssimo em recursos naturais, em cultura e as pessoas ainda sofrem muito"

 M- O Brasil é a sexta potência mundial mas também tem problemas sociais importantes. Onde se pode situar o Brasil, é um país rico, um país pobre?

C- Eu acho que o Brasil está vivendo um momento especial, mas essas contas, esses números, ranckings, são equações que eu não consigo entender. Como pode ter tanto sofrimento no berço da democracia, como na Grécia por exemplo, tantos jovens lutando por melhorias de um povo e sofrendo tanto. No Brasil, um país riquíssimo em recursos naturais, em cultura, as pessoas ainda sofrem muito. Eu me sinto impotente mediante essa realidade e totalmente mediano pra poder falar dessas questões, porque não estão em minhas mãos e essas linhas de pensamento estão completamente longe da população.

 M- Criolo, como você lida com esse sucesso repentino? Seu cotidiano mudou muito?

C- Eu continuo vivendo do mesmo jeito, indo na minha roda de samba, a minha felicidade é ficar na laje da minha casa no Grajaú, com meus pais e o meu sobrinho de 4 anos, o Vitor. E a felicidade de poder conviver com o dj Dan Dan que está comigo há 15 anos, praticamente o que mudou foi minha agenda de trabalho. Estou muito feliz com o reconhecimento, mas sei que tudo na vida são momentos, eu canto há 23 anos, convivo com a minha construção de textos e fico tentando conversar comigo mesmo de uma forma voraz e inspiradora, tentando me entender e entender esse processo todo que é a vida. Não mudou nada, a felicidade pra mim é ficar escutando música, estar com os amigos de sempre.

M- Qual a canção que marcou sua infância?

C- Meu pai, sempre que possível comprava discos de vinil, me marcou muito um cantor, não me lembro o nome da canção, mas era o Moreira da Silva, um cantor espetacular que inventou o samba de breque.

M- Qual foi a sua primeira viagem?

C- Acho que quando tinha 4 anos de idade fui pro Ceará, nordeste do Brasil, terra dos meus pais.

M- Sua primeira desilusão?

C- Perceber o quanto sou medíocre.

M- Seu primeiro livro?

C- Vou tentar lembrar, porque faz tempo…acho que uma das primeiras coisas que ganhei para ler foi literatura de cordel, porque meus pais são cearenses.

M- Você gosta bastante de poesia, verdade?

C- Eu gosto de poesia e passei a vida escutando as poesias da minha mãe, que é escritora.

"Às vezes paro para pensar e acho que isso não está acontecendo comigo"

M-  Você diria que é mais rapeiro do que funkeiro? Qual é sua direção musical: rap, funk, afrobeat?

C- Eu diria que a minha expressão musical mais forte é a loucura entre o ritmo de processar a angústia, amor, com a percepção de que o coracão ainda bate, mesmo com tanta dificuldade. Para cada olhar e para cada canto ela se manifesta de uma forma. Seja como carimbó, como samba, rap que é o meu berço, o que é uma honra. Me ensinou como me portar no palco, me ensinou  como respeitar outros artistas, independente de suas escolhas estéticas. Então não consegui ainda me recortar para definir. 

M- Criolo, essa é a primeira vez que você vem à Paris, Londres e Milão?

C- Sim, é a primeira vez, eu só estive em Nova York e Buenos Aires.

M- O “velho mundo” ainda te atrai?

C- Sim, acho interessantíssimo ter essa oportunidade de visitar a Europa, descobrir outros povos, outras culturas. Às vezes paro para pensar e acho que isso não está acontecendo comigo.

Entrevista Hélios Molina
Criolo : primeiro show em Paris
3 de julho no Cabaret Sauvage.
211, avenue Jean Jaurès - Paris 19ème
Parceria Micmag.

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